O balanço mortal das cheias da última semana vai nas 217 vítimas, mas os números devem subir dramaticamente e teme-se que muitos corpos estejam nos subterrâneos.
Depois de uma interrupção no domingo devido ao regresso das chuvas, as buscas por corpos e sobreviventes foram retomadas esta segunda-feira na região de Valência, em Espanha. As buscas concentram-se no subsolo do centro comercial Bonaire, com 1800 lugares de estacionamento, onde se teme que esteja um número ainda indeterminado de cadáveres.
As cheias encheram o parque de estacionamento com 260.000 metros cúbicos de água. Os membros da Unidade Militar de Emergência retomaram esta segunda-feira os trabalhos de bombagem da água que permanece no local, para que possam ser inspecionadas as viaturas que ficaram estacionadas. Foram já inspecionados 50 carros, sem que se tenha encontrado qualquer cadáver.
Os números mais recentes dão conta de 217 mortes resultantes das cheias da semana passada, mas o número deve vir a agravar-se, devido ao grande número, ainda por determinar, de desaparecidos. Dessas mortes, 213 registaram-se na região de Valência, de longe a mais afetada.
Segundo o ministro espanhol do Interior, Fernando Grande-Marlaska, ainda não é possível dar uma estimativa fiável do número de desaparecidos. A televisão estatal TVE emitiu um programa com apelos desesperados de várias pessoas cujos entes queridos estão desaparecidos.
Valência e as localidades dos arredores mais afetadas, em especial Paiporta, receberam no domingo a visita dos reis Felipe VI e Letizia, assim como do chefe do governo Pedro Sánchez, tendo estes sido alvo de agressões por parte da população, que culpa o poder público pelos alegados atrasos na resposta à catástrofe.
Esta segunda-feira, o navio de transporte da marinha espanhola "Galicia" chegou ao porto de Valência, levando a bordo 104 militares, vários camiões com comida e água e dois helicópteros que irão ajudar nas operações. Com os novos reforços, sobe para 7500 o número de militares implicados nas operações de busca e salvamento, além dos vários milhares de polícias e bombeiros que estão no terreno. O "Galicia" serve também de navio-hospital e pode dar apoio médico.
Em Madrid, o icónico Palácio de Cristal, no parque do Retiro, está a servir de ponto central de armazenamento dos produtos vindos dos 44 pontos de recolha espalhados pela capital espanhola, que serão depois enviados para a zona afetada pela catástrofe. Envolvendo mais de 10 mil operacionais, incluindo militares, polícias, guardas civis e bombeiros, esta é a maior operação militar e de segurança feita em tempo de paz, em Espanha.
Aeroporto de Barcelona afetado
A Catalunha está a ser afetada, esta segunda-feira, por chuvas torrenciais. Os residentes de Barcelona receberam alertas no telemóvel sobre "chuva extrema e contínua".
Várias partes do aeroporto de El Prat, o segundo maior de Espanha, ficaram inundadas e pelo menos 15 voos tiveram de ser desviados. Todos os comboios suburbanos do nordeste da Catalunha, uma região de 8 milhões de habitantes onde se situa Barcelona, foram cancelados devido ao mau tempo.
Em Tarragona, no sul da região, as aulas foram suspensas devido a um "aviso vermelho" de chuva.
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