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O major-general João Vieira Borges comenta em declarações à Euronews que a presença de navios russos ao largo da costa portuguesa tem como intuito a deslocação para outros mares e a obtenção de comunicações.
A Marinha tem registado um trânsito cada vez mais intenso de navios russos na costa de Portugal. Num período muito curto, passaram em águas portuguesas três navios de guerra, dois navios reabastecedores de combustível, três navios de pesquisa científica e ainda um navio espião.
Em declarações à Euronews, o major-general João Vieira Borges comenta que este movimento é normal e não é razão para preocupação ou alarmismo.
"O acompanhamento quer de exercícios da NATO, quer dos próprios exercícios, no âmbito dos países mais ou menos associados à Rússia, quer dos próprios exercícios da Rússia, implica que haja movimentações. É que nós estamos no Atlântico edo Atlântico vão para o Báltico, e do Báltico também podem ir depois para o Ártico ou diretamente daqui. Portanto, essa movimentação é normal", refere o também presidente da Comissão Portuguesa de História Militar.
Para o major-general João Vieira Borges, estas movimentações também não são uma demonstração de poder da Rússia, mas decorrem do contexto atual de guerra na Ucrânia.
Além da intenção meramente de deslocação para outros mares, a presença de navios espiões também indicia a obtenção de comunicações, acrescenta o professor da Academia Militar.
O chefe do Estado-Maior da Armada, o almirante Henrique Gouveia e Melo, já garantiu que a Marinha acompanha este fluxo de navios russos com apertada vigilância, sobretudo, dada a posição geopolítica de Portugal como porta de entrada na Europa.
"A nossa resposta a isso é segui-los, controlá-los, mantê-los sob pressão constante com a nossa presença também constante", afirmou aos jornalistas, na semana passada, à margem da chegada do navio D. Francisco de Almeida à Base Naval de Lisboa, após a participação numa missão da NATO que acompanhou os movimentos dos navios russos nas águas portuguesas.
"Portugal, obviamente, tendo a extensão de mar que tem, quer da Zona Económica Exclusiva, quer da plataforma continental, obviamente, tem que fazer maior vigilância. Faz parte das suas missões, quer para proteger a soberania e a integridade territorial, quer no âmbito do seu compromisso com as organizações internacionais, designadamente com a NATO", reforça o major-general João Vieira Borge.
A Marinha realizou nos últimos três anos 126 missões de acompanhamento. Em 2022, ano em que a Federação Russa invadiu a Ucrânia, verificaram-se 14 operações desse género. No ano seguinte esse número triplicou para 46. Em 2024, até ao momento, foram já concluídas 66 missões.
A Euronews entrou em contacto com o Ministério da Defesa e com a Marinha, mas não foi possível obter um comentário.
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