Historicamente, fornecedores pleiteiam remarcações para o início dos anos, mas é algo que não estava na agenda do comércio na magnitude e no conjunto de empresas envolvidas, afirmam fontes de alto escalão envolvidas.
As negociações atuais envolvem diversos setores, como alimentos, bebidas, higiene e beleza, e linhas de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, ao mesmo tempo. Já há reunião marcada nesta semana entre membros da indústria de eletroeletrônicos, e o tema deve ser tratado. Inicialmente, o encontro está agendado para esta quinta-feira (5)
Nas tratativas que avançam desde o fim do mês passado, fornecedores de eletrônicos e alimentos relataram que a variação cambial se soma a um ambiente que já vinha de valorização do dólar, não totalmente repassado ao mercado, em produtos com insumos importados. Na última semana de novembro, com as indefinições sobre o pacote fiscal do governo, a se valorizou 4%, fechando em mais de R$ 6 na última sexta-feira (29), a máxima histórica.
Nessa quarta-feira (4), o dólar voltou a fechar em queda, à medida que investidores monitoravam eventuais desdobramentos do quadro fiscal brasileiro e repercutiam sinais de desaceleração da economia dos Estados Unidos.
Ao final da sessão, a moeda americana recuou 0,13%, cotada a R$ 6,0477. Com o resultado, acumulou: alta de 0,79% na semana e no mês; e ganho de 24,63% no ano. No dia anterior, a moeda havia caído 0,21%, cotada a R$ 6,0558.
O recorde foi batido depois que o governo anunciou, no dia 28, um pacote de medidas de corte de gastos considerado insuficiente por empresários e economistas.
“As medidas do governo vieram tímidas, geraram muito ruído, e não se espera uma queda na cotação tão rápida. Então, os fabricantes já sinalizaram tabelas novas, mas agora ainda estão fechando pedidos no preço atual. Para este fim de ano, acho que ainda passa sem impacto, porque boa parte das encomendas de Natal já foi fechada. Mas, para janeiro, vai ser difícil segurar”, disse o CEO de uma rede de varejo alimentar.
“O problema é que dólar a R$ 6 assusta. E aí essa agenda de aumentos já está competindo com as nossas agendas sazonais de fechamento do ano”, afirmou uma segunda fonte, na área de atacado e supermercado, com 200 lojas.
Esses processos tendem a ajudar na recuperação de margens perdidas ou num ganho maior de rentabilidade das empresas, e podem melhorar a receita das redes. É que os aumentos de preços, inicialmente, tendem a turbinar o faturamento nominal, se o volume não recuar.
Para tratar do tema, já houve contatos de gestores comerciais de Seara, do grupo JBS, e da Sadia, da BRF, além das multinacionais de higiene e limpeza, disse uma fonte. No caso dos duráveis, Samsung, LG, Panasonic, Whirlpool (linhas Brastemp e Consul) e Electrolux iniciaram conversas nesse sentido.
Ondas de aumentos fazem parte do acompanhamento da equipe do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, num momento de nova alta da taxa de juros, por conta de recente escalada da inflação.
O futuro presidente do BC, e atual diretor da autarquia, Gabriel Galípolo, disse que está atento à elevação das projeções inflacionárias, que têm se intensificado nas últimas semanas, segundo pesquisas. As informações são do jornal Valor Econômico e do portal de notícias G1.
Credito: O SUL
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