Os Estados Unidos pediram a Israel que explicasse as suas ações após um ataque aéreo que apelidaram de “horrível” contra um quarteirão residencial no norte de Gaza, que terá custado a vida a, pelo menos, 25 crianças. Estima-se que tenham morrido mais de 100 pessoas.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, manifestou a sua preocupação com um incidente mortal ocorrido na terça-feira, na sequência de um ataque israelita a um edifício residencial na cidade de Beit Lahiya, no norte de Gaza.
Até ao momento, estima-se que mais de 100 palestinianos tenham morrido ou desaparecido na sequência do ataque aéreo, tendo o Ministério da Saúde de Gaza informado que dezenas de outros, muitos dos quais crianças, terão ficado feridos.
O número exato de mortos ainda não é claro, mas Miller classificou o ataque como um “incidente horrível com um resultado horrível”.
Miller afirmou ainda que os Estados Unidos tinham entrado em contacto com as autoridades israelitas para solicitar mais informações sobre o ataque, exigindo uma explicação para o facto de dezenas de crianças terem perdido a vida.
Esta medida surge na sequência de uma anterior ameaça da administração Biden de retirar o apoio militar a Israel no prazo de 30 dias, a menos que a situação humanitária melhore.
Reiterando a necessidade de um cessar-fogo no interesse estratégico de Israel, Miller afirmou: “É extremamente importante que Israel esteja atento para alcançar um sucesso estratégico maior e que esteja atento para encontrar uma maneira de encerrar esta campanha de uma forma que traga os reféns para casa, de uma forma que garanta sua segurança, e não apenas continuar em um conflito perpétuo e sem fim”.
A nova legislação recentemente aprovada por Israel, que impede as atividades da UNRWA no seu território, ameaça o fluxo de ajuda para as zonas mais afetadas, o que não poderia acontecer em pior altura para os civis de Gaza e da Cisjordânia.
O que é que vai acontecer à UNRWA?
Durante a conferência de imprensa diária do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller manifestou também a sua “profunda preocupação” com a aprovação, na segunda-feira, de legislação que proíbe as atividades da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).
As duas novas leis foram aprovadas por uma maioria esmagadora e, embora as implicações não sejam claras, é provável que dificultem seriamente as operações do maior prestador de ajuda na região.
Miller afirmou ainda que a decisão “coloca riscos para milhões de palestinianos que dependem da UNRWA para serviços essenciais”.
“Vamos dialogar com o governo de Israel nos próximos dias sobre a forma como tencionam implementar a decisão”
A UNRWA poderá vir a ser alvo de eventuais ações judiciais, bem como de soluções alternativas, mas não se sabe até que ponto esses esforços serão bem sucedidos, uma vez que Israel controla o acesso às duas zonas em disputa que requerem ajuda.
Banir a UNRWA é trazer mais sofrimento aos palestinianos
A proibição das operações da agência da ONU deixará um vazio que custará mais vidas e criará mais instabilidade em Gaza e na Cisjordânia.
As palavras são de Philippe Lazzarini, comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), que à The Associated Press explicou que a que a legislação é “em última análise contra os próprios palestinianos”, negando-lhes efetivamente um prestador de serviços de salvamento, educação e cuidados de saúde.
Israel alega que o Hamas e outros militantes se infiltraram na UNRWA, utilizando as suas instalações e recebendo ajuda - alegações para as quais apresentou poucas provas. As leis, aprovadas pelo parlamento israelita esta semana, cortam todos os laços com a UNRWA e proíbem as suas operações em Israel.
E uma vez que as operações da agência em Gaza e na Cisjordânia têm de passar pelas autoridades israelitas, as leis, que deverão entrar em vigor dentro de três meses, ameaçam encerrar também as suas atividades nessas regiões.
Lazzarini fala em "desastre" e mais mortes em Gaza como sequência da decisão israelita.
“Isto criaria um vazio. Também iria alimentar mais instabilidade na Cisjordânia e em Gaza”, afirmou. “O encerramento das atividades da UNRWA dentro de três meses significaria também que mais pessoas morreriam em Gaza.”
Credito: Euronews
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