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Consumo de álcool: Pesquisa da Fiocruz traz dado alarmante

 

📸 Pesquisa da Fiocruz faz alerta sobre consumo de álcool no país. copo de cerveja - Créditos: Motor Akyurt/Pexels


  • Levantamento investigou o impacto das bebidas alcoólicas na saúde da população e na economia do país


Um novo estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgado nesta terça-feira (5) mostra que o consumo de álcool é responsável pela morte de 12 pessoas por hora no Brasil. Além disso, custa cerca de R$ 18 bilhões por ano. 


A pesquisa "Estimação dos custos diretos e indiretos atribuíveis ao consumo do álcool no Brasil" foi feita a pedido das organizações Vital Strategies e ACT Promoção da Saúde como parte da iniciativa RESET Álcool.

Os resultados mostraram que o álcool causou um total de 104,8 mil mortes em 2019, o que dá a média de 12 mortes por hora. Em relação aos custos, foram gastos R$ 18,8 bilhões, dos quais R$ 1,1 bilhão se refere a custos federais diretos com hospitalizações e procedimentos ambulatoriais no Sistema Único de Saúde (SUS). Já R$ 17,7 bilhões corresponderam a perdas de produtividade pela mortalidade prematura, licenças e aposentadorias precoces decorrentes de doenças associadas ao consumo de álcool, perda de dias de trabalho por internação hospitalar e licença médica previdenciárias.


Em relação ao custo previdenciário dentro das estimativas indiretas, o valor chegou a R$ 47,2 milhões em 2019. Do total, 78% (R$ 37 milhões) foram referentes aos gastos com o público masculino, enquanto 22% relacionados às mulheres (R$ 10,2 milhões). 

O estudo ainda apontou que os homens são as principais vítimas e representaram 86% das mortes, das quais quase a metade foi decorrente de doenças cardiovasculares, acidentes e violências. No público feminino, que responde por 14% dos registros fatais, os malefícios do álcool levaram a doenças cardiovasculares e vários tipos de câncer em mais de 60% dos registros. 


Para Eduardo Nilson, pesquisador da Fiocruz e responsável pelo estudo, uma das razões para a discrepância de óbitos entre homens e mulheres é o fato de que elas procuram mais os serviços de saúde e realizam o autocuidado, como exames de rotina. Isso faz com que sejam tratadas antes que as complicações mais graves de saúde aconteçam. “Quando os homens procuram o serviço de saúde possivelmente já estão com a saúde muito mais comprometida, o que acarreta mais hospitalizações”, diz Nilson.


No entanto, a diretora adjunta de Doenças Crônicas não Transmissíveis da Vital Strategies, Luciana Sardinha, alerta para uma mudança comportamental revelada pelos dados. Entre 2006 e 2023, a ocorrência de episódios de consumo abusivo de álcool quase dobrou entre as mulheres. A tendência de aumento de consumo entre elas também é comprovada pela Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE)) de 2019, que mostra que enquanto 60% dos adolescentes do sexo masculino já tinham experimentado álcool antes dos 17 anos, 67% das meninas já tinham tido o comportamento no mesmo período.  


“Essa mudança comportamental traz um sinal de alerta para uma tendência de aumento na quantidade de pessoas consumindo álcool no Brasil, impulsionado pelo consumo das mulheres e, consequentemente, dos seus impactos para saúde e em custos aos cofres públicos. É preciso um olhar muito cuidadoso para a população feminina a fim de frear esse crescimento estimulado por mudanças culturais e pelo próprio esforço da indústria de bebidas em deixarem seus produtos com um apelo mais unissex”, afirma a diretora.


Impactos significativos na saúde e no bem-estar


O diretor-executivo da Vital Strategies à Fiocruz, Pedro de Paula, declarou que é possível concluir, a partir dos resultados do estudo, que o consumo de álcool no Brasil tem impactos significativos na saúde e no bem-estar da população e, consequentemente, custa muito caro aos cofres públicos.


Neste cenário, "fica clara a necessidade de adoção de medidas como o imposto seletivo sobre bebidas alcoólicas. Essa é uma das ações recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para reduzir o consumo de álcool e, consequentemente, seu impacto negativo. Com a redução do consumo, podemos salvar vidas e reduzir os impactos sociais do álcool, poupando bilhões de reais todos os anos”, alerta.


Credito: Revista Fórum 

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