📸 A redução da cobertura de gelo tem impactos globais no clima e na vida das pessoas e dos ecossistemas - (crédito: AFP)
- Os registros de calor foram alarmantes ao norte do Círculo Polar Ártico, com temperaturas médias 4°C acima da média de 1991 a 2020 para o mês, e uma área perto do Polo Norte atingiu 11°C acima dos padrões já registrados
Fevereiro registrou a menor cobertura de gelo marinho da história. O anúncio foi feito pelo observatório climático europeu Copernicus. Segundo o instituto, foram analisadas temperaturas até 11°C acima da média perto do Polo Norte, enquanto a onda de calor continua no mundo. A água do oceano que congela e flutua na superfície atingiu 16,04 milhões de quilômetros quadrados em 7 de fevereiro, a menor extensão já vista.
"Fevereiro de 2025 dá continuidade à série de temperaturas recordes ou quase recordes observada nos últimos dois anos", destacou Samantha Burgess, do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo, que administra o monitor climático Copernicus, à Agence France-Presse.
A redução da cobertura de gelo tem impactos globais no clima e na vida das pessoas e dos ecossistemas. Conforme o gelo e a neve, que são reflexivos, cedem área ao oceano azul-escuro, a mesma quantidade de energia solar que antes era refletida de volta para o espaço agora é absorvida pela água, acelerando o aquecimento global.
O gelo marinho da Antártica, que nessa época do ano determina a quantidade global, estava 26% abaixo da média, segundo o observatório. O serviço europeu afirmou que a região pode ter atingido seu mínimo anual de verão no final do mês, acrescentando que, se confirmado em março, esse seria o segundo menor registro.
No Ártico, onde a cobertura gelada costuma atingir o máximo anual de inverno em março, mínimas mensais recordes estão sendo registradas desde dezembro, com a cobertura a 8% abaixo da média mensal. "A atual baixa extensão recorde de gelo marinho global revelada pela análise do Copernicus é motivo de séria preocupação porque reflete grandes mudanças tanto no Ártico quanto na Antártica", disse Simon Josey, professor de Oceanografia no Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido.
Calor generalizado
Na média global, fevereiro foi 1,59ºC mais quente do que nos níveis pré-industriais. O período de dezembro a fevereiro foi o segundo mais quente já registrado. Embora as temperaturas tenham ficado abaixo da média no mês passado em partes da América do Norte, leste europeu e grandes áreas do leste asiático, os termômetros ainda marcaram um calor maior que a média no norte do Chile e Argentina, oeste da Austrália e sudoeste dos Estados Unidos e México.
Os registros de calor foram alarmantes ao norte do Círculo Polar Ártico, com temperaturas médias 4°C acima da média de 1991 a 2020 para o mês, e uma área perto do Polo Norte atingiu 11°C acima dos padrões já registrados.
Cientistas climáticos esperavam que o calor fosse amenizado pelo fenômeno La Niña (resfriamento das águas oceânicas). No entanto, não ocorreu. O La Niña tem sido "fraco" e provavelmente terminará em breve, afirmou ontem a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
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