Três homens mantidos como reféns na Faixa de Gaza durante mais de 15 meses foram libertados, elevando para 18 o número de reféns devolvidos pelos militantes desde o cessar-fogo. Na troca deste sábado, 183 prisioneiros palestinianos foram libertados por Israel.
O Hamas entregou mais três reféns à Cruz Vermelha no sábado de manhã, enquanto as autoridades israelitas libertaram 183 prisioneiros palestinianos, na quarta ronda de troca de reféns combinada no âmbito do cessar-fogo Hamas-Israel em Gaza.
Os reféns libertados pelo Hamas são Yarden Bibas, de 35 anos, pai dos dois mais jovens reféns em Gaza, cuja situação se tornou um "grito de guerra" para os israelitas. Teme-se que os filhos de Bibas - de 4 anos e 9 meses na altura do rapto - e a mãe, Shiri, tenham morrido durante os mais de 15 meses que estiveram em cativeiro.
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A libertação de Yarden Bibas fez diminuir as esperanças de que a sua mulher e filhos estejam vivos em Gaza. O Hamas afirma que as três (mulher e duas crianças) foram mortas num ataque aéreo israelita. Israel não confirma, apesar de um porta-voz militar ter dito, na semana passada, que o governo estava “extremamente preocupado” com o seu bem-estar.
Até este momento, a mulher de Yarden, Shiri Bibas e as duas crianças, são ainda consideradas como as últimas mulheres e crianças mantidas em cativeiro em Gaza, até que se confirme o contrário.
Os outros reféns libertados no sábado foram o israelo-americano Keith Siegel, 65 anos, e o luso-franco-israelita Ofer Kalderon, 54 anos. Os dois também ficaram populares em Israel devido às inúmeras campanhas realizadas pelos familiares para os libertar.
Quem são os reféns libertados hoje?
Ofer Kalderon, é um refém luso-franco-israelita, que foi levado em cativeiro do Kibutz Nir Oz.
O presidente Emmanuel Macron felicitou a sua libertação no antigo Twitter:
"Ofer Kalderon está livre! Compartilhamos o imenso alívio e alegria dos seus familiares após 483 dias de inferno inimaginável. Os nossos pensamentos estão com Ohad Yahalomi, ainda nas mãos do Hamas, e a sua família. A França está a fazer tudo o possível para garantir a sua libertação sem mais demora."
O governo Português também saudou a libertação de Kalderon, segundo a agência Lusa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros espera que "a libertação do refém luso-franco-israelita seja mais um passo para a paz".
A imprensa em Portugal diz ainda que Ofer Kalderon obteve a nacionalidade portuguesa em 2021, ao abrigo da lei dos sefarditas, passando assim a ser luso-franco-israelita.
"Após o seu rapto, foi pedido ao Governo [Português] urgência na atribuição de nacionalidade portuguesa ao israelita, para que pudesse beneficiar da dupla nacionalidade para que fosse libertado. A certidão de nascimento do agora luso-israelita foi emitida pela Conservatória dos Registos Centrais (CRC), em 2023".
Os filhos adolescentes de Kalderon, Sahar e Erez, e a sua ex-mulher, Hadas, também foram raptados, mas foram libertados durante o cessar-fogo de novembro de 2023.
Hadas Kalderon disse que as crianças têm lutado desde que saíram do cativeiro, preocupadas com a saúde do pai.
Já reunido com a sua família em Israel, Ofer Kalderon trabalhava como carpinteiro e adora andar de bicicleta e pilotar modelos de aviões, segundo o fórum dos reféns em Telavive.
Yarden Bibas foi levado do Kibbutz Nir Oz a 7 de outubro. As fotografias do rapto mostram-no ferido, a sangrar da cabeça. Pensa-se que permaneceu em cativeiro separadamente da mulher e dos filhos. Um vídeo do rapto da família mostrava Shiri a enrolar os seus dois filhos ruivos num cobertor enquanto era levada por homens armados. Kfir, o mais jovem refém capturado, passou a representar o desamparo e a raiva da crise dos reféns. Este terá sido o "grito de guerra" para os israelitas.
Keith Siegel, é um israelo-americano de 65 anos, oriundo de Chapel Hill, na Carolina do Norte, que foi raptado com a sua mulher, Aviva Siegel, do Kibbutz Kfar Aza, uma aldeia agrícola comunal fortemente danificada pelo ataque. Aviva foi libertada durante o acordo de cessar-fogo de novembro de 2023 e, desde então, tem feito campanha em todo o mundo pela libertação do marido e dos outros reféns.
Keith trabalhava como terapeuta ocupacional e adora passar tempo com os netos, diz o fórum que representa as famílias dos reféns em Israel. A sua mulher disse que foi mantida refém com o marido durante os 51 dias de cativeiro e que se sentiu reconfortada por ter o marido ao seu lado enquanto eram transportados de túnel em túnel, não lhes sendo dada quase nenhuma comida ou água. As suas últimas palavras para ele foram: “Sê forte por mim”.
Um cessar-fogo frágil
O cessar-fogo e a libertação dos reféns suscitaram tanto a esperança como o medo entre os israelitas.
Muitos receiam que o acordo possa fracassar antes de todos os reféns regressarem, ou que os libertados cheguem em mau estado de saúde. Outros receiam que o número de reféns que morreram seja superior ao esperado.
Na primeira fase do cessar-fogo, um total de 33 reféns em Gaza será libertado em troca de quase 2.000 prisioneiros palestinianos detidos por Israel.
Cerca de 250 pessoas foram feitas reféns durante o ataque do Hamas a 7 de outubro. Cerca de 80 permanecem em Gaza, embora se pense que pelo menos um terço esteja morto. Os outros foram libertados, resgatados ou os seus corpos foram recuperados.
A campanha militar de Israel matou mais de 47.000 palestinianos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que não diz quantos eram combatentes, mas afirma que mais de metade eram mulheres ou crianças.
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