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Trump suspende ajuda militar dos EUA para a Ucrânia: o que sabe até agora

 

📸 Trump durante encontro com Zelensky na sexta-feira passada (28/02), quando os dois se desentenderam publicamente


A Casa Branca confirmou nesta segunda-feira (03/03) que os Estados Unidos vão pausar a ajuda militar à Ucrânia, que há três anos está em guerra após invasão da Rússia.

 


"O Presidente deixou claro que está focado na paz. Precisamos que nossos parceiros também estejam comprometidos com esse objetivo. Estamos pausando e revisando nossa ajuda para garantir que ela esteja contribuindo para uma solução", afirmou uma fonte da Casa Branca à CBS, parceira da BBC nos EUA.


Segundo o portal Bloomberg, o primeiro a noticiar a suspensão, todo equipamento militar dos EUA que não esteja na Ucrânia ficaria inacessível, como armas em trânsito e armazenadas em depósitos na Polônia.


No primeiro comentário público de um membro do governo sobre a suspensão, o secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que Trump é "o único líder no mundo hoje que tem uma chance de trazer um fim duradouro para a guerra na Ucrânia", disse Rubio em nota.


"Queremos levar os russos para a mesa de negociação. Queremos sondar se a paz é possível."


Mais cedo, Trump criticou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky por dizer que o fim da guerra com a Rússia está "muito, muito distante".


"O que eles estão pensando?", indagou Trump na rede Truth Social.


Em encontro na Casa Branca na última sexta-feira (28/2) para assinar um acordo relativo a minerais ucranianos, Trump e Zelensky bateram boca. O americano acusou o ucraniano de estar "jogando com a Terceira Guerra Mundial".


Na ocasião, Zelensky rebateu o vice-presidente dos EUA, JD Vance, em sua afirmação de que o "caminho para a paz" passava pela diplomacia.

📸 Encontro entre Trump e Zelensky na última sexta (28/02) acabou frustrado, com assinatura de acordo e entrevista coletiva canceladas


O ucraniano apontou que o líder russo Vladimir Putin já havia quebrado acordos antes — ao que JD Vance respondeu que Zelensky estava sendo "desrespeitoso".

Zelensky disse que, embora os EUA estivessem protegidos da Rússia por um oceano, eles sentiriam os impactos da guerra "no futuro".

O presidente dos EUA rebateu dizendo a Zelensky que não deveria dizer aos americanos como se sentir, pois ele "não estava em posição de apontar isso"

Trump então ameaçou: "Ou vocês fazem um acordo, ou estamos fora"

Zelensky foi depois orientado a deixar a Casa Branca, e uma entrevista coletiva que havia sido planejada foi cancelada — assim como o acordo dos minerais.

Em entrevista à emissora Fox na noite desta segunda-feira, o vice JD Vance afirmou que as portas estão "abertas" para Putin e Zelensky negociarem, mas criticou a postura do presidente ucraniano na Casa Branca na semana passada.

"Contanto que Zelensky esteja disposto a falar seriamente sobre paz... Você não pode entrar no Salão Oval [na Casa Branca] ou em qualquer outro lugar e se recusar a discutir os detalhes de um acordo de paz", disse Vance.

O ex-diretor do Conselho de Segurança Nacional dos EUA Michael Carpenter, que ocupou o cargo durante o governo de Joe Biden, classificou a suspensão da ajuda militar como "espantoso".

"Nesta guerra, há um agressor e uma vítima muito claros. A Rússia é o agressor e a Ucrânia é a vítima, e estamos agindo como se fosse o inverso", disse Carpenter à BBC.

"Então, é pausar uma assistência que é essencialmente assistência defensiva, para permitir que os ucranianos defendam sua pátria de um ataque brutal, descarado e feio da Rússia. É espantoso que os Estados Unidos estejam fazendo isso."

Em seu segundo mandato, Trump vem surpreendendo ao buscar restabelecer relações com Moscou e Putin — e recusando-se a apontar a Rússia como responsável pela guerra na Ucrânia.

Para Nomia Iqbal, jornalista da BBC para a América do Norte, a suspensão é "claramente pensada" para pressionar Zelensky e forçá-lo a fazer concessões.

Iqbal aponta que, na verdade, o presidente ucraniano já sinalizou concessões — ele sugeriu aceitar que territórios ucranianos conquistados pela Rússia permanecessem assim, enquanto partes ocupadas do país poderiam ser filiadas à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Em fevereiro, ele chegou a dizer que renunciaria em troca da filiação da Ucrânia à Otan.

"No entanto, o presidente Trump descartou a adesão de Kiev à aliança [Otan], alinhando-se com a visão de Moscou. Trump nunca disse quais concessões ele quer que a Rússia — que invadiu a Ucrânia — faça", aponta Nomia Iqbal.

Credito: BBC News Brasil

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