Familiares de reféns com sentimentos mistos de tristeza e alegria antes da próxima libertação
Depois de o Hamas ter anunciado a libertação de seis reféns israelitas vivos e a devolução de quatro corpos, os familiares expressaram a sua alegria e tristeza pela libertação, enquanto os palestinianos em Gaza mantêm a esperança de que o cessar-fogo se mantenha.
Os familiares dos reféns israelitas detidos em Gaza pelo Hamas expressaram a sua alegria e tristeza antes das próximas libertações, previstas para quinta-feira e sábado.
O Hamas anunciou que libertará seis reféns israelitas vivos no sábado e devolverá os corpos de outros quatro na quinta-feira, uma aceleração surpreendente das libertações, aparentemente em troca de Israel permitir a entrada de casas móveis e equipamento de construção na devastada Faixa de Gaza.
Os seis reféns são os últimos reféns vivos a serem libertados durante a primeira fase do cessar-fogo, em troca de centenas de palestinianos detidos nas prisões israelitas.
Herut Nimrodi, mãe do refém Tamir Nimrodi, que não está previsto ser libertado na primeira fase do cessar-fogo, disse que tinha fortes emoções contraditórias com a notícia.
"A sensação de passar de estar tão triste para estar tão feliz, e está tudo misturado. Não sei. Isto é realmente algo que não sabemos exatamente como reagir", disse Nimrodi.
"O meu filho não está neste acordo e não faço ideia se sobreviveu ou não, e continuo a viver sem qualquer informação e tenho medo de não chegar ao ponto em que o possa abraçar e sentir de novo e recomeçar as nossas vidas", acrescentou.
"Família Bibas" estará entre os corpos devolvidos
O anúncio feito pelo líder do Hamas, Khalil al-Hayya, em declarações pré-gravadas divulgadas na terça-feira, referiu que entre os mortos devolvidos estaria a "família Bibas" - dois rapazes e a sua mãe que, para muitos israelitas, passaram a simbolizar a situação dos que foram feitos prisioneiros. Israel não confirmou as suas mortes e o gabinete do primeiro-ministro instou o público a não distribuir "fotografias, nomes e rumores" após o anúncio do Hamas.
"Nas últimas horas, temos estado em alvoroço", disseram os membros sobreviventes da família Bibas num comunicado divulgado na terça-feira por um grupo que representa os familiares dos reféns. "Até recebermos uma confirmação definitiva, a nossa viagem ainda não terminou".
Há muito que Israel manifesta grande preocupação em relação a Shiri Bibas e aos seus filhos, Kfir e Ariel, que o Hamas afirma terem sido mortos num ataque aéreo israelita no início da guerra. O marido e pai, Yarden Bibas, foi raptado separadamente e libertado este mês.
Kfir, que na altura tinha 9 meses de idade, foi o refém mais novo raptado no ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023.
Os seis reféns vivos que deverão ser libertados são Eliya Cohen, Tal Shoham, Omer Shem Tov, Omer Wenkert, Hisham Al-Sayed e Avera Mengistu, informou o Fórum dos Reféns e das Famílias Desaparecidas.
O pai de Omer Shem Tov tem nacionalidade portuguesa e o filho estava no processo de obtenção da mesma.
Palestinianos mantêm a esperança na segunda fase do cessar-fogo
Um alto funcionário israelita informou que Benjamin Netanyahu concordou em permitir a entrada em Gaza de casas móveis e equipamento de construção, há muito solicitados, como parte dos esforços para acelerar a libertação dos reféns.
Na semana passada, o Hamas ameaçou suspender a libertação dos reféns, invocando a recusa de permitir a entrada de casas móveis e de equipamento pesado, entre outras alegadas violações da trégua.
De facto, Israel começou a permitir a entrada de equipamento de remoção de escombros na terça-feira. Dois bulldozers foram vistos a remover escombros numa área perto do lado palestiniano do posto fronteiriço de Rafah. Um condutor egípcio disse à Associated Press que dezenas de bulldozers e tratores se encontravam noutro posto fronteiriço, aguardando autorização israelita para entrar.
A atual fase do cessar-fogo decorre até ao início de março e receia-se que os combates sejam retomados. As partes beligerantes ainda não negociaram a segunda e mais difícil fase, na qual o Hamas libertaria dezenas de reféns em troca de um cessar-fogo duradouro e de uma retirada israelita.
Os palestinianos em Gaza manifestaram a esperança de que o cessar-fogo se mantenha na fase seguinte. "Temos sido muito pacientes e esperamos que as tréguas se mantenham, pois temos assistido à morte e destruição", disse Raafat Azzam, residente em Jabalya, no norte de Gaza. "Queremos uma trégua permanente. A nossa geração foi executada, a geração jovem foi executada".
O cessar-fogo, iniciado em meados de janeiro, pôs termo a combates que mataram mais de 48 000 palestinianos, na sua maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Mas o governo de Israel ainda diz que quer eliminar o Hamas como força militar e governante em Gaza. A proposta do presidente dos EUA, Donald Trump, de remover permanentemente os dois milhões de residentes de Gaza e reconstruir o território, embora rejeitada pelo mundo árabe e pelos palestinianos, provocou ainda mais incerteza. O Egito está a trabalhar num contra-plano de reconstrução sem deslocar os palestinianos.
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