(CNN)— Dois altos funcionários de segurança da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional foram colocados em licença administrativa na noite de sábado após tentarem impedir que funcionários do Departamento de Eficiência Governamental de Elon Musk tenham acesso aos sistemas da agência, mesmo depois que funcionários do DOGE ameaçaram chamar a polícia, disseram várias fontes familiares à CNN.
De acordo com fontes, o pessoal do escritório criado por Musk tentou fisicamente acessar a sede da USAID em Washington, DC, e foi parado. O pessoal do DOGE exigiu ser deixado entrar e ameaçou chamar US Marshals para ter acesso, disseram duas das fontes.
O pessoal do DOGE queria ter acesso aos sistemas de segurança e arquivos de pessoal da USAID, disseram três fontes. Duas dessas fontes também disseram que o pessoal do DOGE queria acesso a informações confidenciais, que somente aqueles com autorizações de segurança e uma necessidade específica de saber conseguem acessar.
Três fontes disseram à CNN que o pessoal do DOGE finalmente conseguiu acessar a sede.
O incidente, que não havia sido relatado anteriormente, é o mais recente confronto enquanto o DOGE, afiliado a Trump, busca exercer autoridade crescente sobre o governo federal, visando cortar gastos.
“Relatos de que indivíduos sem autorização apropriada podem ter acessado espaços confidenciais da USAID, bem como informações pessoais de cidadãos americanos, são incrivelmente sérios e sem precedentes”, disse a senadora Jeanne Shaheen no domingo. “Estamos buscando respostas imediatas sobre quaisquer implicações para nossa segurança nacional e estamos reunindo um grupo de senadores bipartidários sobre isso assim que o Senado retornar amanhã”, continuou Shaheen, um democrata de New Hampshire e membro graduado do Comitê de Relações Exteriores do Senado.
Katie Miller, que Trump nomeou para o DOGE em dezembro, pareceu confirmar no domingo que o pessoal do DOGE teve acesso a informações confidenciais.
“Nenhum material classificado foi acessado sem as devidas autorizações de segurança”, ela postou no X.
No domingo, em resposta à reportagem da CNN sobre o incidente, Musk disse que “a USAID é uma organização criminosa”.
“É hora de morrer”, ele postou no X. Foi uma das muitas postagens e repostagens do proprietário do X atacando a agência no domingo.
A condenação do bilionário da tecnologia ressalta relatos crescentes de que o presidente Donald Trump pretende abolir a USAID, uma agência federal independente, e dobrá-la ao Departamento de Estado dos EUA. Outros altos funcionários de Trump, como Stephen Miller, que atua como vice-chefe de gabinete para política na Casa Branca, também miraram na USAID, acusando sua força de trabalho de ser esmagadoramente democrata.
No sábado, o site da USAID saiu do ar e uma nova página para a agência apareceu no site do Departamento de Estado. A conta X da USAID também saiu do ar no sábado.
Pouco depois de tomar posse no mês passado, Trump emitiu uma ordem executiva abrangente suspendendo toda a ajuda externa por 90 dias, o que levou a uma confusão generalizada , demissões e paralisações de programas.
O diretor de segurança da USAID, John Voorhees, e seu vice estão entre dezenas de funcionários da USAID que foram afastados devido a temores de que a agência esteja sendo intencionalmente desmantelada — uma medida que, segundo alguns funcionários de ajuda, teria enormes implicações negativas.
Os legisladores democratas argumentaram que seria ilegal para Trump eliminar unilateralmente uma agência federal sem consultar o Congresso.
A USAID foi criada em 1961 sob a administração do presidente John F. Kennedy e é o braço humanitário do governo dos EUA. Ela distribui bilhões de dólares anualmente em todo o mundo em um esforço para aliviar a pobreza, tratar doenças e responder a fomes e desastres naturais. Ela também promove a construção e o desenvolvimento da democracia.
A USAID é uma ferramenta essencial de soft power dos EUA para promover relações com comunidades ao redor do mundo, dizem autoridades, observando que a segurança nacional dos EUA é abordada com os pilares “três D”: defesa, diplomacia e desenvolvimento, liderados, respectivamente, pelo Departamento de Defesa, Departamento de Estado e USAID.
Autoridades de ajuda argumentam que o Departamento de Estado não está equipado para assumir e sustentar o vasto número de projetos de desenvolvimento da USAID. Isso também apagaria, eles argumentam, o soft power único e essencial que não pode ser replicado.
O Departamento de Estado não “tem a capacidade, a expertise, o treinamento para fazer esse tipo de trabalho. É uma linha de esforço completamente separada que é realizada no local”, disse um ex-oficial sênior da USAID.
“O único elemento da burocracia do governo dos EUA em locais estrangeiros que conseguiu ir além dos limites e realmente ter uma compreensão mais profunda dos lugares em que trabalhamos é a USAID”, continuou o ex-funcionário, solicitando anonimato devido aos crescentes e generalizados temores de ser alvo do governo Trump.
“Essa capacidade de trabalhar dessa forma, essa cultura — e é uma cultura, eu acho — se perde. E com isso, eu acho que perdemos uma ferramenta enorme e incrivelmente valiosa da política externa dos EUA. Nós basicamente vamos socar com um braço atrás das costas”, disse a pessoa.
A CNN entrou em contato com a Casa Branca e a USAID para comentar.
Cerca de 60 funcionários seniores da USAID foram afastados na semana passada sob acusações de tentar contornar a ordem executiva sobre ajuda externa. Outro funcionário sênior foi afastado por tentar reverter essa medida após não encontrar evidências de irregularidades.
Uma fonte disse que todo o escritório de relações públicas da USAID foi afastado e bloqueado de seus sistemas.
Esta história e manchete foram atualizadas com reportagens adicionais.
Por Jennifer Hansler e Alex Marquardt , CNN
Credito: CNN
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