Uma série de incêndios está ocorrendo simultaneamente na cidade de Los Angeles, na costa oeste dos Estados Unidos.
Segundo autoridades locais, os incêndios causaram a morte de 16 pessoas e dezenas de feridos, além da destruição de mais de 2 mil casas e edifícios.
Na manhã deste domingo o chefe do Corpo de Bombeiros do Condado de Los Angeles, Anthony C. Marrone, disse que "as condições climáticas críticas e elevadas do incêndio continuarão até quarta-feira" e que os ventos fortes, combinados com a baixa umidade, manterão a ameaça de incêndio no condado de Los Angeles "muito alta".
As autoridades dizem que pode levar várias semanas para identificar as vítimas, já que os métodos tradicionais, como impressões digitais e identificação visual, podem não ser suficientes devido às condições dos corpos.
A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, disse em uma coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (9/1) que os ventos dentro e ao redor da cidade são de proporções "históricas" e um fator-chave para que os incêndios sejam tão graves.
Combinados com a seca extensa, disse ela, esses ventos criaram uma "tempestade perfeita".
Quase 180 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas e as perdas econômicas são estimadas em US$ 10 bilhões (R$ 61 bilhões).
Os afetados pelos incêndios violentos incluem desde atores famosos de Hollywood, como Billy Crystal e James Wood, e personalidades como Paris Hilton, até moradores da área costeira e dos bairros mais a oeste da cidade.
Os chefes dos bombeiros que lideram os esforços de controle dos incêndios disseram que, dado o tamanho das chamas em algumas áreas – como Hollywood Hills, onde fica o famoso letreiro de Hollywood – há "chance zero" de conter o desastre.
Segundo Anthony Marrone, um dos coordenadores do corpo de bombeiros, a baixa umidade do local, os chamados ventos de Santa Ana — com velocidades próximas às de um furacão — e a falta de infraestrutura foram as principais causas da enorme devastação.
"Não temos bombeiros suficientes para lidar com quatro incêndios desse tamanho de uma vez. Talvez um ou dois incêndios de médio porte, mas não isso", explicou.
Entenda as três principais razões pelas quais os incêndios em Los Angeles são considerados os mais destrutivos da história da cidade.
📸 Os ventos de Santa Ana foram um fator-chave na propagação dos incêndios no sul da Califórnia1. Os fortes ventos de Santa Ana
Talvez a principal razão pela qual os bombeiros não conseguiram conter o fogo em Los Angeles tenha nome de santa: os ventos de Santa Ana, que segundo as autoridades chegaram a atingir 161 quilômetros por hora nas áreas dos incêndios.
E isso tem dois efeitos que multiplicam a força das chamas.
Por um lado, de acordo com o apresentador de meteorologia da BBC Simon King, esses são ventos secos que removem a umidade da vegetação e facilitam o início e a propagação de incêndios mais rapidamente.

E quando começam, os mesmos ventos ajudam o fogo a se espalhar facilmente.
Segundo Marrone, isso também significa que a estratégia para apagar um incêndio dessa magnitude só pode ser baseada nos hidrantes da cidade, já que aviões e helicópteros não podem ser utilizados devido à força dos ventos.
Os ventos de Santa Ana ocorrem quando uma grande área de alta pressão se instala no oeste dos EUA, ao redor da Grande Bacia, uma área que inclui grande parte de Nevada e Utah, Idaho e sudeste do Oregon, explica Matt Taylor, meteorologista da BBC.
Uma publicação do Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA (NWS, na sigla em inglês) observa que essas regiões são geralmente secas e desérticas, o que significa que ventos secos fluem de leste para oeste e chegam à Califórnia sem umidade.
📸 Grandes áreas urbanas foram destruídas pelas chamas2. Falta de água
3. Seca severa e mudanças climáticas
De acordo com Matt McGrath, correspondente ambiental da BBC, uma das razões por trás da ferocidade dos incêndios de Los Angeles está relacionada ao que os cientistas chamam de "chicote climático".
"Embora os fortes ventos de Santa Ana sejam o principal componente dos incêndios, as condições extremamente secas tornaram a vegetação local muito vulnerável à ignição", disse McGrath.
Ele cita um estudo da Universidade da Califórnia que afirma que o aquecimento global tem causado flutuações nas condições climáticas nesta região, resultando no aumento da intensidade dos incêndios florestais.
O estudo observa que isso está ligado a episódios cada vez mais frequentes de "chicote climático", em que há uma mudança repentina entre condições extremamente úmidas e extremamente secas.
Então, depois de décadas de seca na Califórnia, tivemos alguns anos de chuvas extremamente fortes e, depois, tivemos condições muito secas novamente nos últimos meses.
Isso fez com que a vegetação crescesse rapidamente em anos chuvosos, mas agora essa vegetação abundante está seca e mais propensa a queimadas.
Os autores afirmam que as mudanças climáticas aumentaram essas condições de "chicote" globalmente em 31% a 66% desde meados do século 20.
"Com o aquecimento do planeta, isso significa que a taxa de aumento do efeito chicote está acelerando em muitas regiões do mundo, não apenas na Califórnia", acrescentam.
Credito: BBC News Brasil
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