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Peritos rejeitam tese de pássaros como causa única de acidente na Coreia do Sul

 


📸 Avião saiu da pista e bateu contra muro em Muan, na Coreia do Sul - Foto: Jung Yeon-Je/AFP


  • "O impacto de uma ave em um motor não causaria a falha completa de todos os sistemas", observou um especialista


Especialistas em aviação questionaram nesta segunda-feira, 30, a tese de que uma colisão de pássaros seja a única causa do desastre que matou 179 pessoas a bordo de um Boeing da Jeju Air, no aeroporto de Muan, na Coreia do Sul.


A possibilidade foi levantada nas primeiras horas após o acidente, após relatos de que a torre de controle havia alertado para a presença de aves na pista e o piloto ter relatado um choque pássaros, antes de declarar emergência.


"A colisão com pássaros é um evento que é possível superar", disse Sonya Brown, professora de design aeroespacial da Universidade de New South Wales. "Há mais causas para o acidente " Geoffrey Thomas, editor do portal de notícias Airline News, cita outras causas.


"Por que os bombeiros não colocaram espuma na pista? Por que eles não estavam presentes quando o avião aterrissou? Por que havia um muro no final da pista?"

Doug Drury, da Central Queensland University, também acredita que o choque de pássaros não seja a única causa. "O impacto de uma ave em um motor não causaria a falha completa de todos os sistemas. É possível pilotar um 737 com apenas um motor", disse.


Para Geoffrey Dell, especialista australiano em segurança aérea, o choque com aves não explica a tragédia. "Nunca vi uma colisão com pássaros impedir que o trem de pouso fosse acionado", afirmou.


— Sobreviventes


Apenas duas das 181 pessoas a bordo sobreviveram. A maioria dos mortos é de sul-coreanos que voltavam do feriado de Natal na Tailândia. O acidente foi o mais mortal em todo o mundo desde o do voo 610 da Lion Air, em 2018, quando todas as 189 pessoas a bordo morreram.


"Uma grande questão é porque o piloto estava com tanta pressa para aterrissar", disse Hwang Ho-won, presidente da Associação Coreana para Segurança da Aviação.


"Quando os pilotos decidem realizar um pouso de barriga, tentam ganhar tempo, jogando combustível no ar, dando tempo para que a equipe de terra se prepare para a emergência." O piloto da Jeju Air, aparentemente, não teve esse tempo, segundo Hwang. "Será que ele perdeu os dois motores? A decisão de aterrissar com tanta pressa foi um erro humano?", questionou.


As autoridades recuperaram ontem a "caixa preta" do avião, que estava parcialmente danificada. "Deve levar algum tempo para recuperar os dados", disse Ju Jong-wan, diretor de política de aviação do Ministério da Terra, Infraestrutura e Transporte.


Com a investigação ainda em estágio preliminar, as autoridades tiveram o cuidado de não fazer declarações apressadas sobre o acidente, inclusive se os dois motores do avião estavam desligados durante o pouso. Mas, de acordo com especialistas, o avião parece ter sofrido uma combinação fatal de fatores que tornaram o desastre muito mais grave.


Credito: Folha de Pernambuco 


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